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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Suplemento em excesso é prejudicial

Em busca de energia, força ou músculos mais torneados, malhadores ingerem diariamente pílulas, shakes e barrinhas com altas concentrações de proteínas, carboidratos e outros nutrientes. Apesar de ser comum entre freqüentadores de academias, o consumo de suplementos alimentares gera controvérsia entre especialistas.

Muito utilizados atualmente, os suplementos alimentares podem trazer grandes benefícios, porém, se utilizados sem limites e sem a orientação de um especialista, podem prejudicar a saúde. De acordo com a nutricionista Suzane Zandonaide Lenza, a suplementação alimentar só deve ser utilizada por pessoas que apresentem deficiência de vitaminas e minerais. “Para ganho de massa muscular, somente uma alimentação rica em proteínas é indicada”, explica. “Os suplementos servem para suprir carências, sendo indicados para crianças com anemia, idosos com a saúde frágil e gestantes. Pessoas com a saúde normal não precisam”, diz a nutricionista.

Isso porque, segundo Suzane, o uso contínuo desse tipo de produto pode acarretar em várias patologias futuras, como impotência, úlceras e problemas no trato gastro-intestinal. “Essa pessoa que já toma um suplemento há algum tempo está mais apta a apresentar esses problemas”, destaca.

Para quem deseja acelerar o ganho de massa muscular de forma saudável, Suzane indica uma dieta rica em alimentos à base de proteína, como ovo, leite e derivados e carnes magras em geral. “Não há necessidade de suplementos em pó. Fazendo uma avaliação nutricional, é possível saber qual a porcentagem de proteína que essa pessoa precisa ingerir, o que vai auxiliar no ganho de massa de forma saudável”, afirma.

Por isso, para cada atividade física é importante que a alimentação seja adequada, o que evita perda de nutrientes e mal-estar, fraqueza e tonturas durante a prática esportiva.

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, a prática de uma hora de atividade física contínua por dia requer a reposição apenas de água. Atletas profissionais, que treinam até oito horas por dia, ou pessoas que se exercitam mais de uma hora e meia, cinco vezes por semana, devem procurar um médico ou nutricionista para avaliar a necessidade da reposição de algum nutriente.

Creatina e exercícios físicos

A creatina, suplemento alimentar proibido no Brasil, pode aumentar a tolerância das células à glicose quando combinada com a prática de exercícios aeróbios. Isso pode significar melhora da sensibilidade à insulina, o que aponta a possibilidade de utilizar a creatina na prevenção e até no controle de diabetes.

O pesquisador Bruno Gualano diz que 22 voluntários do sexo masculino, entre 18 e 35 anos, saudáveis e sedentários realizaram testes em que foi analisada a relação do suplemento, aliado aos exercícios, na tolerância à glicose. Durante três meses, essas pessoas exercitaram-se sob supervisão, três vezes por semana, por cerca de 40 minutos.

Ao mesmo tempo foi feito um estudo duplo-cego de consumo de creatina. “Alguns tomavam placebo e outros o suplemento, mas nem eles nem os pesquisadores sabiam o que cada um estava tomando”, conta Gualano. Todos ingeriam 5 gramas diárias de uma das substâncias. Notou-se que a combinação do consumo de cretina à prática aeróbica maximizou a tolerância à glicose. “Os gráficos de absorção do açúcar ao longo do tempo indicam que quem tomou o suplemento apresentou absorção mais rápida”, diz Gualano. De acordo com o orientador da pesquisa, Antonio Herbert Lancha Júnior, acredita-se que a creatina tenha aumentado a eficácia da insulina (responsável pela tolerância à glicose), fazendo com que a mesma quantidade produzida pelo organismo tenha maiores efeitos.

O estudo, desenvolvido no Laboratório de Nutrição e Metabolismo de Atividade Motora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, compõe o projeto de iniciação científica vencedor do “VI Prêmio Maria Lúcia Ferrari Cavalcanti” (Conselho Regional de Nutrição da 3ª Região). O trabalho acaba de ser apresentado no British Congress of Sports and Exercise Medicine (Edimburgo, Escócia) e será exposto também no American Congress of Medicine and Science in Sports and Exercise (no final de maio, em Denver, Colorado).

ESTUDOS SUBSEQÜENTES

Em conjunto com essas avaliações, foi feito um acompanhamento da rotina dos voluntários. “Eles não tiveram alteração de sono, fome, sede ou humor. Não houve também comprometimento da função renal”, conta Lancha. Mas existe o receio, entre os nefrologistas, de que a excreção de creatinina (proteína em que o organismo transforma a creatina) sobrecarregue o órgão e acarrete problemas futuros.

Em função disso já está sendo iniciada uma outra pesquisa, em parceria com a Faculdade de Medicina (FM) da USP, sob coordenação do professor Antonio Seguro, para analisar as conseqüências do consumo do suplemento na função renal. Gualano pretende estudar na pós-graduação as razões do aumento da tolerância à glicose em função da creatina - utilizando conhecimentos biomoleculares -, e testar a eficácia dessa substância aliada à atividade física no controle e prevenção de diabetes. (USP).

Efeitos associados ao uso excessivo de suplementos alimentares

O uso de suplementos alimentares por jogadores de futebol precisa ser feita com muito critério e sob orientação médica, devido aos sérios problemas que pode causar à saúde do indivíduo.

O fisiologista do Corinthians, Renato Lotufo, costuma receitar creatina para alguns de seus jogadores, mas diz que ela “não tem efeito mágico e só funciona associada ao treinamento intensivo e à uma boa nutrição”. Pensamento semelhante tem a nutricionista Tânia Rodrigues, com passagem pelo mesmoo clube paulista, que ministra a seus atletas apenas nos momentos mais decisivos de um campeonato, até porque o uso prolongado anula seu efeito e provoca efeitos colaterais sérios.

Efeitos fisiológicos

Vários autores relatam os efeitos dos suplementos alimentares. Para Longenecker (1998), por exemplo, o crescimento dos ossos, na puberdade, pode ser interrompido pelo uso indiscriminado de suplementos, chegando até a atrofiar o crescimento. Seu uso é perigoso em crianças, por causa do seu efeito virilizante. Podem causar retenção de sódio, carcinoma da próstata. Depois da puberdade, podem causar esterilidade, desinteresse sexual, icterícia obstrutiva (sobrecarga hepática).

Longenecker (1998) afirma que “os suplementos podem produzir efeitos adversos em todos os sistemas do corpo. A maior quantidade de secreção oleosa pode contribuir para o surgimento de seborréia e acne, que podem ser graves e deixar marcas na pele. A inibição da divisão das células pode enfraquecer estruturalmente a pele, provocando estrias ou marcas de estriamento. O risco de doenças cardiovasculares pode aumentar devido à diminuição da proporção entre o colesterol HDL e o LDL. A hipertrofia do coração (ventrículo direito e esquerdo) pode ocorrer como efeito direto ou secundário do acúmulo de fluidos e/ou aumento da pressão. Ataques cardíacos e também de derrames”.

Efeitos psicológicos

Pesquisas da AAOS indicam que os suplementos em excesso podem causar agressividade, mudanças de personalidade, inclusive podendo se tornar passíveis ao vírus HIV (devido à fragilidade do sistema imunológico), pois em alguns casos são utilizados através de seringas. Outros sintomas são a sensação de euforia (bem estar), depressão, agitação e insônia.

Efeitos nutricionais

Em vez de lançar mão do uso de suplementos alimentares, os atletas poderiam simplesmente se alimentar melhor. Para ganhar massa muscular é preciso ter potencial genético e usa-lo com exercícios. Para atletas, nada melhor que uma alimentação balanceada. Apenas 30 gramas de frango contém 7 gramas de aminoácidos, o que corresponde a um frasco de cápsulas deste suplemento. Segundo pesquisas realizadas há alguns anos pelo professor de Educação Física, Carlos Alberto Anaruma, do Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro, foi constatado que os suplementos alimentares têm efeitos danosos à saúde. Por isso, não deveriam ser vendidos em farmácias e outros estabelecimentos, sem critério algum.

Na pesquisa realizada, o professor teve como objetivo traçar o perfil dos usuários de suplementos alimentares, além de identificar o grau de conhecimento desses consumidores sobre esses produtos. O trabalho mostrou que a maioria dos entrevistados desconhece seus efeitos prejudiciais à saúde.

Alguns efeitos devastadores desses suplementos são: sobrecarga hepática, câncer, queda de cabelo, impotência sexual, excesso de proteínas no sangue, problemas respiratórios após os exercícios físicos, colesterol elevado, lesão no fígado, insônia, desequilíbrio hormonal, hipertrofia muscular, lesões nas articulações, problemas renais, problemas cardíacos, hipo ou hiperglicemia, coma e morte (um atleta pode morrer em campo se ingerir em excesso esses suplementos, vítima de infarto, por exemplo). Esses suplementos alimentares, por lei, só podem ser vendidos com prescrição médica e somente em casos especiais analisados por profissionais especializados.

Os compostos de aminoácidos e vitaminas, segundo o doutor Victor Matsudo, do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs), geralmente são ingeridos sem necessidade, pois as quantidades produzidas pelo organismo são suficientes para uma vida saudável.

O excesso pode levar a enjôos e problemas gastrointestinais. O abuso de carboidratos, por exemplo, provoca até cálculos renais.

O suplemento mais utilizado e mais comentado é a creatina, um tipo de aminoácido produzido pelo fígado, rins e pâncreas que ajuda a fornecer combustível para os músculos.

Músculos e problemas

Todos os dias, milhares de pessoas - atletas ou não - procuram lojas especializadas em suplementos alimentares na busca de produtos que possam melhorar suas performances e a estética, motivados pela propaganda, indicações de treinadores e comerciantes do ramo. Para estes consumidores, pouco importa que os suplementos ainda sejam alvos de divergências científicas sobre sua eficácia. Esses produtos se tornaram “febre” entre os jovens que querem acumular músculos rapidamente. Poucos conhecem, entretanto, os prejuízos que essas substâncias podem causar à saúde.

São vários os suplementos alimentares ofertados para quem está malhando. Quase todos são liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas é necessário o acompanhamento de um nutricionista. Além das dúvidas sobre sua eficácia, não há garantia de que eles não tenham efeitos colaterais adversos à saúde. O que todos já sabem é que o consumo excessivo pode acarretar em problemas gastrintestinais, neurológicos e renais, entre outros.

Suplementos são produtos feitos à base de vitaminas, minerais, aminoácidos, proteínas ou outras substâncias, cujo consumo visa melhorar a saúde ou prevenir doenças. De um modo geral, os suplementos são consumidos pelos praticantes de atividade física com alguns objetivos, como por exemplo, melhorar o desempenho esportivo fornecer nutrientes ao organismo, atendendo às necessidades aumentadas pelo exercício compensar dietas ou hábitos alimentares inadequados suprir as necessidades de vitaminas e minerais nas dietas para redução de peso reverter alguma forma de deficiência nutricional oferecer os nutrientes que se apresentam em quantidade insuficiente nos alimentos.

Uso abusivo

Segundo a nutricionista Márcia Daskal, a segurança e benefício de muitos desses produtos ainda não foram comprovados cientificamente. Para ela, são necessárias mais pesquisas sobre os efeitos dos suplementos na saúde. Estima-se que a maioria dos freqüentadores de academias usa algum tipo de suplemento alimentar. Muitos compram aleatoriamente, outros por indicação de treinadores. “Os únicos profissionais capacitados para prescrever suplementos são os médicos, de preferência os especializados em Medicina do Esporte, e os nutricionistas”, lembra a especialista.

Valéria Paschoal, também nutricionista, comenta que os suplementos são indicados a atletas que treinam muito e não ingerem alimentos suficientes para suprir cerca as calorias gastas diariamente. “Para um atleta que diariamente e tem suas refeições prejudicadas o suplemento é importante”, explica. Nesses casos, cabe ao atleta procurar um profissional especializado para saber o que falta na alimentação e se orientar.

Márcia Daskal reconhece que a prescrição dos suplementos seria desnecessária para 80% dos “atletas de academia”. Para ela, a grande parte dos usuários dos suplementos alimentares não tem a menor idéia do motivo pelo qual os consomem. Um estudo revela ainda que os homens são a maioria entre os consumidores desses produtos, principalmente na faixa etária de 15 a 19 anos. Eles ingerem hipercalóricos, bebidas de recuperação e os fat buners (queimadores de gordura). Muitos destes proibidos, mas facilmente adquiridos. Já as mulheres preferem bebidas esportivas, vitaminas e minerais.

A tendência mundial da busca pela forma física e pela qualidade de vida é hoje uma realidade, muito além dos modismos e isenta de dependência de faixa etária, sexo ou classe social. Na opinião da nutricionista, para frear o uso abusivo desses produtos o ideal é trabalhar a conscientização dos professores e donos de academia, por meio de informações sobre os prejuízos que eles podem acarretar. “O consumo de suplementos de maneira inadvertida pode se transformar em um problema sério de saúde pública”, completa Márcia Daskal.

Suplemento Indicação Possíveis efeitos no organismo Bebida esportiva ou isotônicos Hidratar e repor carboidratos.

Não tem contra indicação, entretanto, diabéticos e hipertensos devem consultar um médico antes de consumi-lo. Vitaminas e Minerais: Suprir deficiências dos gastos calóricos. A vitamina C pode causar cálculos renais. Hipercalóricos: Aumentar a massa muscular ou repor o aporte calórico. Ganho de peso, desnecessário para quem faz a ingestão adequada de alimentos energéticos. Proteínas e aminoácidos: Aumentar a massa muscular. O excesso pode elevar os níveis de ácido úrico, causar problemas renais e aumentar a gordura localizada. Creatina: Aumentar a massa muscular. Retém água e toxinas no organismo e provoca inchaço nos músculos. Maltodextrina e bebidas de recuperação: Fornecer energia, possibilitar a queima de gordura e recuperar o estoque de energia dos músculos. Intolerância gástrica e, dependendo da dietas, faz engordar. BCAA (aminoácidos de cadeia ramificada): Prevenir ou retardar a fadiga em exercício de resistência. Pode sobrecarregar os rins e o fígado com toxinas, principalmente em pessoas predispostas. “Fat burner” Queimar gorduras: Taquicardia, arritimia e desidratação pelo suor excessivo. Estudos comprovam que o produto não tem eficácia.

Suplemento alimentar em excesso pode afetar órgãos vitais

Nos Estados Unidos, a FDA (agência norte-americana que regulamenta a produção de medicamentos e alimentos) alerta aos consumidores que não usem a substância. Conhecida por sua ação como acelerador de queima de calorias, a efedrina é vendida em lojas de suplemento alimentar, em academias de ginástica e pela internet –se bobear, até na clínica do acupunturista.

Segundo estudo divulgado pela Associação Médica Americana no início deste ano, a efedrina provocou a morte de cinco pessoas, outras cinco tiveram problemas cardíacos, 11 sofreram acidente vascular e quatro consumidores tiveram ataques de epilepsia. No esporte, seu uso é considerado doping.

E engana-se o consumidor de suplemento alimentar que se considera protegido pelo rótulo do produto. Muitos deles não indicam a presença de efedrina. “Você pode estar tomando sem saber”, alerta a nutricionista Marcela Ferreira, do Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul). Ou, ainda, no caso dos importados, há embalagens sem informações em português, como manda a lei.

Anabolizantes no suplemento

E a bomba é ainda maior do que se imagina. A Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva denuncia a presença de anabolizantes esteróides em suplementos alimentares importados sem a devida indicação no rótulo. “Esses produtos estão sem controle e à venda para quem quiser comprar”, diz o cardiologista e ex-presidente da sociedade Tales de Carvalho.

Para quem não sabe, os anabolizantes esteróides, cuja venda sem receita médica é proibida, prometem deixar o atleta “bombado”. Porém trata-se de droga indicada apenas para mulheres na pós-menopausa com perda de massa óssea ou atrofia muscular progressiva. “Fora isso, são indicados para pessoas com desnutrição severa, provocada por doenças como hepatite crônica, câncer ou Aids”, explica o professor de fisiologia do movimento Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Acne é o efeito colateral mais leve da droga, que pode provocar de arritmia cardíaca a aumento do LDL (colesterol “ruim”) e esterilidade.

Nem mesmo os produtos liberados para a venda são totalmente inofensivos quando consumidos aleatoriamente. Os suplementos alimentares devem ser usados com indicação específica e sob a orientação de um médico ou nutricionista, diz o especialista em medicina esportiva Turíbio Leite de Barros Neto, coordenador do Cemafe (Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte), da Unifesp.

Aos 18 anos de idade, o segurança Vagner Cavalcanti Valentim, 30, diz que procurou orientação em revistas especializadas sobre o suplemento que o deixaria “mais forte”. “Comecei a usar hiperprotéicos com 2.000 calorias em cada dose. Tive diarréia logo no primeiro mês porque não estava acostumado. Diminuí a dosagem e consegui o efeito que queria”, diz ele, que hoje mantém a forma física à base de sessões de musculação e do consumo de proteínas e aminoácidos.

O nosso grande problema é a falta de profissionalismo no ramo. Tem muito cacareco no mercado que o pessoal toma sem indicação. Eu vendo saúde”, diz Marcelo José Paulo, 33, proprietário de uma das lojas de suplementos alimentares visitadas pela reportagem.

O consumo indiscriminado e excessivo dos suplementos sobrecarrega os rins e o fígado, podendo provocar sérias lesões nesses órgãos e efeitos colaterais, como dor de cabeça e de estômago, náuseas, aumento da gordura total e localizada, insônia, taquicardia e retenção desordenada de líquidos.

Como se não bastassem os efeitos colaterais, especialistas dizem que os suplementos, para quem busca abdômen de “tanquinho” ou massa muscular, por exemplo, são balela. “Eles não acrescentam nada. Isso é um mito. Em geral, é para não serem usados, porque não há nenhuma comprovação científica de que os suplementos atuem com finalidade estética ou ergogênica”,

Uma alimentação saudável supre e atende a maior parte dos requisitos necessários para a prática de esportes. “Nenhuma grande modificação ocorre com o uso dessas substâncias”, acrescenta o traumatologista e fisiologista Victor Matsudo, integrante da Comissão de Nutrição Esportiva do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Quase anabolizantes

Existe um grupo específico de suplemento que recebe um alerta dos especialistas. São os chamados pró-hormônios, caso do DHEA (dehidroepiandrostero na), que estimula a produção de testosterona pelo organismo.

Os pró-hormônios causam uma “salada química” no organismo, chegando a ser responsáveis também por casos de ginecomastia (aumento das mamas masculinas)”, diz Zogaib. São considerados precursores dos anabolizantes por terem a mesma base. Apesar disso, o consumo dos pró-hormônios ainda não foi proibido. “A pessoa acha que não está tomando anabolizantes, mas está”, completa Zogaib.

Não há dados oficiais, mas os profissionais da área estimam que a faixa etária dos consumidores fica entre os 17 e os 35 anos, os quais, em sua maioria, frequentam academia.

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos apontou que 70% dos praticantes de atividades físicas tomam algum tipo de suplemento. A porcentagem aumenta para 100% entre os praticantes de musculação das academias. Acredito que os números são parecidos entre os brasileiros”, diz Zogaib.

Qual a real necessidade de uma suplementação


Na última década, houve um grande aumento da procura de academias em busca de curvas perfeitas, músculos definidos e exterminação total das incômodas gordurinhas localizadas. Baseado nesta obsessão, além das intermináveis horas gastas na prática de exercícios físicos, está havendo uma maior preocupação com a alimentação e um aumento do uso de suplementos.

A maioria das pessoas tem utilizado a suplementação como uma forma de melhorar o desempenho nas atividades físicas e mentais, retardar o envelhecimento ou até mesmo na prevenção de doenças. No entanto, está havendo um consumo desenfreado destes produtos, já que, por vezes, não há um acompanhamento médico, e são, em sua grande maioria, indicados por amigos.

Mas qual será a real necessidade de uma suplementação?

Todas as pessoas têm necessidades nutricionais, ou seja, devem ingerir diariamente uma certa quantidade de nutrientes para que seu organismo funcione adequadamente. Estas quantidades variam de indivíduo para indivíduo. Entretanto, a partir de muitos estudos em populações saudáveis, foi elaborada pelo 'Food and Nutrition Board (FNB)' uma tabela de recomendações nutricionais, chamada de RDA, a qual estabelece valores capazes de cobrir as necessidades da maior parte da população. Estes valores são, então, utilizados como base para a adequação de nutrientes na dieta, sendo que isto pode ser obtido somente a partir de uma alimentaçãonutrientes necessários para um bom funcionamento do organismo.

Entretanto, também se sabe que existem algumas doenças ou alterações no metabolismo que podem alterar a absorção de alguns nutrientes, como a anemia e a osteoporose, exigindo assim a suplementação. Porém, deve-se lembrar que esta ingestão aumentada é considerada como um tratamento medicamentoso, mediante recomendação e acompanhamento médico ou nutricionista, já que o uso indiscriminado destes suplementos pode levar ao aparecimento de efeitos colaterais.

Daí vem uma dúvida...e no caso de praticantes de academia ou esportista? Os esportistas que mantêm uma alimentação adequada, também não precisam se preocupar. As deficiências dietéticas de vitaminas e minerais são comuns naqueles que limitam a ingestão de alimentos, visando a manutenção do peso corporal sem um acompanhamento profissional. Neste caso, a suplementação se faz necessária para que se atinja um melhor desempenho na atividade física, assim como um bom funcionamento do organismo. Para tanto, são feitos vários exames clínicos e laboratoriais que determinam as reais deficiências do indivíduo.

E o que seria uma alimentação saudável e balanceada? Alimentar-se corretamente é basicamente:

-Consumir alimentos variados, incluindo frutas, verduras e legumes das mais diversas cores e variedades;

-Diminuir a ingestão de gorduras e frituras, em geral;

-Preferir as carnes magras, como peixes, frango, chester, peito de peru;

-Tomar cuidado com a 'gordura oculta', ou seja, que comemos sem perceber. Dentre elas, podemos citar: os embutidos, como salame e presunto; algumas carnes, como, por exemplo, o 'cupim'; creme de leite, leite integral,entre outros;

-Dar preferência aos produtos 'light'; à margarina ao invés da manteiga; aos queijos brancos ao invés dos amarelos; ao leite desnatado ao invés do integral;

-Harmonizar nutrientes como carboidratos, proteínas e lipídeos, respeitando suas proporções ideais (porcentagem dos nutrientes em relação ao valor calórico total: 60% de carboidratos, 20 a 30% de lipídios e 10 a 15% de proteínas)

-Aumentar o consumo de fibras, aliado a um alto consumo de água;

-Diminuir o consumo de doces gordurosos, a base de cremes, ovos, chantilly;

-Fracionar ao máximo as refeições diárias.nutricionais. saudável e variada. Ou seja, um indivíduo normal que se alimenta corretamente, sem restrições alimentares, é capaz de obter todos os

A importância da nutrição para o atleta

A alimentação é uma necessidade vital para todos os indivíduos, é através dos alimentos que adquirimos os nutrientes essenciais para o crescimento, desenvolvimento, funcionamento do organismo e manutenção da saúde. Sem o alimento não conseguimos trabalhar, andar, pensar, enfim, manter nosso organismo em funcionamento.O atleta apresenta uma necessidade energética e nutricional específica, em função do desgaste físico e do maior gasto de energia durante a atividade física.
O ótimo desempenho do atleta dependente do seu treinamento e da sua alimentação; portanto, seu treinamento deve ser bem planejado e periodizado e sua alimentação deve conter quantidades adequadas e equilibradas, suprindo assim, todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo.

Os nutrientes devem estar em equilíbrio. Os carboidratos, o principal substrato energético do nosso organismo, devem contribuir com 60% - 70% das calorias totais. Sempre devem ser preferidas as opções integrais. Apesar das necessidades protéicas estarem aumentadas durante a atividade física, essa necessidade é facilmente suprida através de uma alimentação equilibrada. Os lipídios devem completar o valor calórico diário, sem ultrapassar os 30% recomendados, garantindo a prevenção de doenças cardiovasculares.

A hidratação é muito importante, assegura o equilíbrio hidroeletrolítico, podendo garantir ainda a performance e reduzir os riscos associados à desidratação. O hábito de ingerir líquidos antes, durante e após a atividade deve ser introduzido e estimulado durante o treinamento.

A nutrição constitui o alicerce para o desempenho físico, sendo muito importante para a saúde geral do atleta; permite a otimização dos depósitos de energia, redução do tempo de recuperação, ou ainda que o atleta treine por um número maior de horas. O estado nutricional do atleta pode exercer um impacto significativo no seu desempenho.