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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Creatina e exercícios físicos

A creatina, suplemento alimentar proibido no Brasil, pode aumentar a tolerância das células à glicose quando combinada com a prática de exercícios aeróbios. Isso pode significar melhora da sensibilidade à insulina, o que aponta a possibilidade de utilizar a creatina na prevenção e até no controle de diabetes.

O pesquisador Bruno Gualano diz que 22 voluntários do sexo masculino, entre 18 e 35 anos, saudáveis e sedentários realizaram testes em que foi analisada a relação do suplemento, aliado aos exercícios, na tolerância à glicose. Durante três meses, essas pessoas exercitaram-se sob supervisão, três vezes por semana, por cerca de 40 minutos.

Ao mesmo tempo foi feito um estudo duplo-cego de consumo de creatina. “Alguns tomavam placebo e outros o suplemento, mas nem eles nem os pesquisadores sabiam o que cada um estava tomando”, conta Gualano. Todos ingeriam 5 gramas diárias de uma das substâncias. Notou-se que a combinação do consumo de cretina à prática aeróbica maximizou a tolerância à glicose. “Os gráficos de absorção do açúcar ao longo do tempo indicam que quem tomou o suplemento apresentou absorção mais rápida”, diz Gualano. De acordo com o orientador da pesquisa, Antonio Herbert Lancha Júnior, acredita-se que a creatina tenha aumentado a eficácia da insulina (responsável pela tolerância à glicose), fazendo com que a mesma quantidade produzida pelo organismo tenha maiores efeitos.

O estudo, desenvolvido no Laboratório de Nutrição e Metabolismo de Atividade Motora da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, compõe o projeto de iniciação científica vencedor do “VI Prêmio Maria Lúcia Ferrari Cavalcanti” (Conselho Regional de Nutrição da 3ª Região). O trabalho acaba de ser apresentado no British Congress of Sports and Exercise Medicine (Edimburgo, Escócia) e será exposto também no American Congress of Medicine and Science in Sports and Exercise (no final de maio, em Denver, Colorado).

ESTUDOS SUBSEQÜENTES

Em conjunto com essas avaliações, foi feito um acompanhamento da rotina dos voluntários. “Eles não tiveram alteração de sono, fome, sede ou humor. Não houve também comprometimento da função renal”, conta Lancha. Mas existe o receio, entre os nefrologistas, de que a excreção de creatinina (proteína em que o organismo transforma a creatina) sobrecarregue o órgão e acarrete problemas futuros.

Em função disso já está sendo iniciada uma outra pesquisa, em parceria com a Faculdade de Medicina (FM) da USP, sob coordenação do professor Antonio Seguro, para analisar as conseqüências do consumo do suplemento na função renal. Gualano pretende estudar na pós-graduação as razões do aumento da tolerância à glicose em função da creatina - utilizando conhecimentos biomoleculares -, e testar a eficácia dessa substância aliada à atividade física no controle e prevenção de diabetes. (USP).

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